sábado, 12 de maio de 2012

O Refluxo

Você acha que seu filho tem refluxo? Tenha calma. Não é qualquer volta de leite que o bebê apresenta que pode indicar que ele tem o problema. "Os adultos confundem a regurgitação comum, que ocorre com cerca de 50% dos bebês e não interfere em seu desenvolvimento, com o refluxo gastroesofágico, que merece atenção médica e, algumas vezes, remédios”, alerta o pediatra Mauro Batista de Morais. E até mesmo alguns médicos vêm fazendo confusão.

A questão é que os
pais
, ansiosos por natureza, ficam muito preocupados em ver o bebê devolvendo o alimento pela boca. Pensam que ele está doente e sofrendo. Se não encontram pela frente alguém para acalmá-los, tomam atitudes desnecessárias, como medicar o filho com o remédio que a vizinha usa ou trocar o peito pela mamadeira com leite engrossado. “O leite materno é mais leve, por isso mais fácil de voltar. Mesmo assim, é melhor o bebê regurgitar do que perder as vantagens da amamentação”, aconselha Mauro.

O que é comum


A
regurgitação
ocorre porque a válvula entre o esôfago e o estômago, conhecida como esfíncter esofagiano, ainda está se desenvolvendo. Normalmente, após a passagem do leite, ele fecha e segura o líquido. Com a imaturidade, o esfíncter relaxa e não faz seu trabalho. Por isso, o retorno de um pouco de leite após a mamada, quando o bebê arrota, ou mesmo um tempo depois em forma de “queijinho” é normal. Trata-se de um tipo de refluxo fisiológico, ou apenas regurgitação, que acontece em algumas ou todas as mamadas. Ela também ocorre porque nem sempre é possível notar que o bebê mamou em excesso e lotou o estômago. Nesse caso, até um arroto mais intenso traz o líquido de volta. Regurgitar não tem nenhuma conseqüência para o bebê e não causa desconforto. Não há remédio que faça o esfíncter amadurecer mais rápido. “O amadurecimento acontece entre os 6 meses e 1 ano. Enquanto isso, é preciso paciência e fraldas extras”, diz o pediatra Glaucio Granja de Abreu.

Algumas condutas podem ser adotadas para diminuir a regurgitação e principalmente acalmar a ansiedade dos pais, que se impressionam com as voltas do leite. Uma delas é respeitar sempre o tempo de cerca de dez minutos para o bebê arrotar, mantendo-o no colo. Outra, na hora de colocar a criança no berço ou no carrinho, é deixá-la um pouco elevada e não totalmente na horizontal, posição que facilita a volta do leite. Se a criança não mama no peito, o leite engrossado com mingaus também diminui a regurgitação, mas essa medida deve ser orientada pelo pediatra.





Quando complica

A regurgitação passa a ser um problema — e a ser chamada de refluxo — quando interfere no desenvolvimento
da criança. E aí, sim, requer intervenção médica. Acontece, por exemplo, quando a quantidade de leite que volta é grande e freqüente a ponto de desequilibrar o ganho de peso da criança. “Esse é o sinal mais importante de que o bebê tem o que chamamos de refluxo gastroesofágico. Apenas 5% deles apresentam essa versão mais séria, que precisa ser acompanhada de perto”, conta Glaucio. Outro sinal é o bebê chorar a cada volta de leite ou logo em seguida. Quando volta, o leite tem a presença de sucos gástricos usados na digestão, que irritam o esôfago e causam a esofagite. Isso provoca uma sensação de queimação no bebê. O processo também pode gerar chiados no peito, crises de apnéia, otites, sinusites, tosses, irritabilidade e, conseqüentemente, muito choro. Somente nos casos severos é indicado o uso de medicações para cuidar dos sintomas, como remédios para aliviar a queimação que o bebê sente no esôfago, diminuir a acidez do estômago ou para esvaziá-lo mais rapidamente. Em geral, os problemas desaparecem gradativamente com o passar do tempo e poucas são as crianças que ainda apresentam refluxo depois de 1 ano. Em raríssimos casos, o esfíncter continua imaturo e os médicos recomendam uma cirurgia para corrigi-lo. O ideal é pôr a ansiedade de lado e conviver bem com o leite que volta.

Outros diagnósticos


Às vezes, a volta do leite pode ter outras causas que não a imaturidade do esfíncter do esôfago. Um processo infeccioso pode vir acompanhado de vômitos ou regurgitações. Nesse caso, elas não ocorrem com freqüência e outros sintomas, como febre, estão presentes. E, se o bebê usa
mamadeira, as regurgitações também podem resultar da alergia à proteína do leite de vaca, situação em que a criança costuma devolver o leite em quase todas as mamadas. A solução será a troca do alimento por um produto especial.

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