quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Dehidro-Epi-Androsterona - DHEA





O DHEA é a “superestrela dos super-hormônios”, sugere Dr. Wiliam Regelson, oncologista do Medical College of Virginia, em Richmond, no livro Super-Hormônio: O Antídoto Natural contra o Envelhecimento (Editora Record, 1998). Ele alega que o DHEA rejuvenesce praticamente qualquer sistema orgânico, e por isso “melhora o bem-estar, a aparência e o pensamento”.

A glândula supra-renal é responsável pela produção de DHEA. Na verdade, a cascata de hormônio da supra-renal começa com o colesterol, matéria prima para o hormônio cerebral pregnenolona. A pregnenolona é então transformada em DHEA. E o DHEA serve como matéria-prima para a fabricação de todos os outros hormônios importantes secretados pela glândula supra-renal – inclusive o hormônio do estresse cortisol. Trata-se de um esteróide natural produzido na glândula supra-renal e nas gônadas, cuja estrutura é precursora dos hormônios testosterona e estradiol, por isso também conhecido como auxiliar da fertilidade.

O DHEA é o hormônio mais abundante no corpo humano. Mas a produção chega ao seu pico por volta dos vinte e poucos anos. Daí em diante, quanto mais envelhecemos, mais cai o nível de DHEA. Ao 40 anos, o organismo produz metade de DHEA que produzia antes. Aos 65 anos, a produção cai para 10 a 20% da quantidade ideal; aos 80, cai para menos de 5% do nível ideal.

Devido aos efeitos abrangentes do DHEA, o declínio de sua produção se faz sentir por toda parte, em todos os sistemas, órgãos e tecidos do organismo. O sistema imunológico é especialmente sensível a menor produção de DHEA, abrindo as portas não apenas aos vírus, bactérias e outros micróbios como também aos radicais livres e à caixa de Pandora de doenças degenerativas causadas por eles.

Diversos estudos sugerem que, quanto menor o nível de DHEA da pessoa, maior o risco de morte por doenças relacionadas com o envelhecimento. Em um estudo realizado por Elizabeth Barrett-Connor, famosa pesquisadora da área hormonal, médica, professora e chefe do departamento de medicina preventiva da Universidade da Califórnia, San Diego, monitoraram-se os níveis de DHEA em 242 homens de 50 a 79 anos de idade durante 12 anos. O estudo revelou forte correlação entre os maiores níveis de DHEA e o menor risco de morte decorrente de todas as causas. Entre os indivíduos que sobreviveram, o nível de DHEA era três vezes maior do que entre os que morreram.

Pesquisas indicam que baixos níveis de DHEA seriam responsáveis por muitas doenças degenerativas e pelo envelhecimento acelerado. Considerou-se o envolvimento do hormônio em diversos problemas de saúde, entre eles o Mal de Alzheimer, doenças auto‑imunes e outras doenças imunológicas, o câncer, a síndrome da fadiga crônica, o diabetes, doenças cardíacas, colesterol alto, problemas de memória, obesidade, osteoporose e distúrbios provocados pelo estresse.

E mais: indícios coletivos indiretos provenientes de mais de cinco mil estudos publicados sustentam com veemência a função antienvelhecimento do DHEA. Os cientistas hoje dispõem de provas de que o DHEA:

Aumenta a imunidade;
Diminui o risco de doenças cardíacas;
Melhora o controle do açúcar no sangue, reduzindo o risco de diabetes;
Previne e reverte a osteoporose;
Protege contra alguns tipos de câncer;
 Reverte o efeito de aceleração do envelhecimento provocado pelo cortisol, o hormônio do estresse.

A terapia de reposição de DHEA traz enormes benefícios à saúde e é praticamente isenta de riscos. Houve quem tomasse doses de até 1600 miligramas diariamente, durante um mês, sem reações adversas.

A dose diária remendada varia de 10 a 50 miligramas para mulheres e de 25 a 100 miligramas para homens. (As mulheres precisam de menos DHEA do que os homens.) 

Agora vamos falar da parte que nos interessa deste mocinho DHEA!

Suplemento antienvelhecimento aumenta fertilidade



Análise aponta que mulheres que realizaram tratamentos para combater a infertilidade e receberam o DHEA obtiveram o triplo de chances de conceber do que as mulheres que não receberam o suplemento

Estudo realizado por cientistas israelenses comprovou que o suplemento antienvelhecimento DHEA, que é livremente comercializado, pode aumentar a taxa de fertilidade feminina, além de garantir uma gestação mais saudável. Os resultados foram obtidos por meio da relação entre o suplemento vitamínico e taxas de gravidez em mulheres que passaram por tratamentos de fertilidade.

Adrian Shulman, professor e diretor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia de Meir Medical Center e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Tel Aviv, descobriu que mulheres que realizaram tratamentos para combater a infertilidade e receberam o DHEA obtiveram o triplo de chances de conceber do que as mulheres que não receberam o suplemento.

Um grupo com cerca de 20 mulheres fez uso do hormônio diariamente, durante 40 dias antes de iniciar o tratamento contra infertilidade e, continuamente, por mais cinco meses. O grupo de mulheres que recebeu o DHEA apresentou taxa de fertilidade de 23%, contra 4% do outro grupo que não recebeu a substância. “Mais do que isso, todas as mulheres, com exceção de apenas um caso, que receberam DHEA tiveram gestações saudáveis”, completa o professor Adrian Shulman.

O especialista recomenda às mulheres que procurem orientação médica para utilizar o suplemento aliado a tratamentos contra infertilidade. Gestantes também podem procurar informações sobre o uso do DHEA durante a gravidez para garantir um parto saudável.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Lúpus e Gravidez - Parte III

A portadora de Lúpus pode ter filhos? Em quais situações que sim e em quais que não?

Sim. O índice de fertilidade e esterilidade em mulheres com LES é semelhante ao observado em grupos sem a doença.

Hoje em dia, 50% de todas as gestações em mulheres lúpicas são completamente normais, enquanto 25% podem ter bebês pre-maturos. A perda do feto, devido a abortos espontâneos, ou a morte do bebê podem ocorrer em 15 a 25% dos casos.

Entretanto, existem situações que podem dificultar a gravidez, como por exemplo: períodos prolongados de atividade da doença podem levar a irregularidade menstrual ou mesmo amenorréia (suspensão do ciclo menstrual por mais de 3 meses); pacientes tomando ciclofosfamida podem desenvolver falência ovariana prematura.

Ainda hoje é recomendado à portadora com Lúpus em atividade a realizar aborto?

Não, a paciente em atividade deve ter um seguimento médico mais frequente e receber o tratamento necessário para o controle da doença.

A atividade da doença ou exacerbações tende a ser suave na maioria dos casos. Os sintomas mais comuns são artrite, rahs e fadiga. Aproximadamente 30% das pacientes com Lúpus vão ter uma diminuição do número de plaquetas (plaquetopenia) no sangue durante a gravidez, enquanto 20% poderão ter perda de proteína (proteinúria) na urina. A nefrite lúpica quando presente antes da concepção também aumenta as chances de se ter uma exacerbação durante a gravidez.

É importante distinguir os sintomas de atividade do Lúpus das mudanças normais do corpo que ocorrem durante a gravidez. Por exemplo: durante a gravidez os ligamentos e estruturas ao redor das articulações podem acumular líquido (chamado embebição gravídica), e causar inchaços; estes não representam inflamação. Outro exemplo: muitas mulheres podem apresentar maior nascimento de cabelo na gravidez, seguido de uma grande queda após o parto. Embora a queda de cabelos seja um sintoma da atividade do Lúpus, é mais um resultado das mudanças que ocorrem durante uma gravidez normal.

A gravidez numa portadora de Lúpus é considerada de alto risco?

Sim, embora a maioria das gestações em pacientes lúpicas evoluam de forma normal, todas devem ser consideradas de “alto risco”; uma vez que a gravidez pode influenciar a evolução clínica da doença; por outro lado, no LES podem ocorrer com maior frequência, abortos expontâneos, prematuridade e bebês de baixo peso. Portanto, a gestante lúpica deve ser acompanhada de perto tanto pelo reumatologista como pelo obstetra, para que problemas possam ser prevenidos e intervenções rápidas sejam realizadas quando necessário.

A portadora de Lúpus grávida terá o nascimento de um bebê normal ou pre-maturo?

Atualmente 50% de todas as gestações em mulheres lúpicas são completamente normais, enquanto até 25% podem ter bebês pre-maturos.

A portadora de Lúpus grávida terá o nascimento de um bebê com Lúpus?

Pacientes com LES podem apresentar autoanticorpos, conhecidos como anti-Ro/SSA ou anti-La/SSb e raramente anti-U1 RNP, com capacidade de atravessar a placenta e potencialmente provocar algumas alterações no bebê conhecidas como Lúpus Neo-Natal. O Lúpus Neo-Natal não é igual ao Lúpus Eritematoso Sistêmico.

O Lúpus Neo-Natal é uma síndrome rara, que ocorre em aproximadamente 3% das mulheres lúpicas com anti-Ro/SSA. Ele se manifesta com lesões cutâneas (RASH) passageiras, alterações na contagem de células sanguíneas e hapáticas também passageiras, e um tipo especial de anormalidade no batimento cardíaco (bloqueio cardíaco). Se a anormalidade nos batimentos cardíacos ocorrer, o que é raro, ela é permanente; mas tem tratamento. As manifestações não cardíacas são transitórias tendendo a desaparecer em aproximadamente 6 meses, quando desaparecem os anticorpos maternos da circulação do bebê.  Mesmo bebês com a anormalidade nos batimentos cardíacos crescem normalmente.

Se uma mãe teve um filho com Lúpus Neo-Natal, há cerca de 25 % de chances de ter outra criança com o mesmo problema.

Como deverá ser efetuado o acompanhamento da gravidez de uma portadora de Lúpus?

Visitas frequentes ao médico são importantes em qualquer gravidez de alto risco, isso porquê muitos problemas podem ser prevenidos, ou tratados mais facilmente, se observados no início.

Como em toda gravidez regras básicas são essenciais: comer bem e com intervalos regulares, tomar os medicamentos conforme a prescrição, não fumar, não beber. Fazer exercícios leves conforme orientação.

O Lúpus pode provocar dano à placenta?

Sim, a ocorrência de comprometimento fetal induzido pelo LES pode estar intimamente ligado às alterações placentárias. Estas parecem ser mais frequentes a partir da 25a semana de gestação, quando pode ser observado retardo de crescimento do bebê, redução dos movimentos do bebê, diminuição do líquido amniótico e da placenta.

Na histopatologia (estudo do tecido placentário) pode ser observada trombose, oclusão de vasos placentários e proliferação endotelial.

O parto de uma grávida com Lúpus pode ser normal ou tem que ser cesariana?

A mãe lúpica pode tentar o parto normal, desde que mãe e bebê estejam bem e controlados clinicamente; no entanto, não deve ser uma preocupação excessiva, pois diante de qualquer problema a cesariana pode garantir a saúde da mãe e do filho. Quando possível procurar um hospital que disponha de uma unidade especializada no tratamento de recém-nascidos pre-maturos.

O Lúpus pode entrar em crise quando uma portadora de Lúpus está grávida?

Sim, a gravidez pode exacerbar o curso clínico do Lúpus em até 30 a 35% das pacientes. Quando ocorre a crise, ou seja, o Lúpus entra em atividade, esta tende a acontecer durante o primeiro ou segundo trimestre da gravidez, ou durante os dois meses imediatamente após o parto (puerpério).

Nas pacientes em fase de inatividade da doença, a gravidez poderá não modificar o prognóstico ou mesmo o curso evolutivo do LES.

Qual o melhor momento para uma portadora de Lúpus ficar grávida?

Durante os períodos de remissão da doença, estudos mostram que quando a gravidez ocorre em períodos de 6 a 12 meses da doença fora de atividade a evolução é bem melhor.

O que é toxemia da gravidez?

A toxemia gravídica ou doença hipertensiva específica da gravidez compreende um conjunto de problemas que só acontece durante a gravidez, depois da 20ª semana. Ela engloba desde casos leves de hipertensão arterial e o inchaço no início da gestação até os quadro de pré-eclampsia, eclampsia e síndrome HELLP.

A paciente que com pré-eclampsia desenvolve pressão alta e passa a eliminar proteína na urina. O inchaço pode iniciar nas pernas e chegar a atingir o corpo inteiro. A eclampsia é uma complicação da pré-eclampsia combinada com ataques epiléticos ou coma.

Pode afetar até 20% das pacientes com Lúpus. Essa é uma situação séria requerendo tratamento imediato e, geralmente, um parto pre-maturo.

Há risco de aborto espontâneo?

Sim, a perda fetal espontânea ocorre aproximadamente ente 15 a 25% das gestações em pacientes lúpicas.

A portadora de Lúpus pode ingerir medicamentos durante a gravidez?

Como em toda gravidez deve-se evitar a ingestão de medicamentos sem orientação médica. De forma geral, medicamentos necessários a manutenção do tratamento do Lúpus não devem ser retirados.

As medicações podem afetar o bebê?

É seguro usar a maioria dos medicamentos normalmente ingeridos por pacientes com LES durante a gravidez. Prednisona, Prednisolona e, provavelmente, methylprednisolona não atravessam a placenta e são seguros para o bebê.

Estudos sugerem que azathioprina (Imuran) e hidroxicloriquina (Plaquinol) ajudam a controlar a doença e não afetam os bebês, mas isso ainda não é confirmado. Ciclofosfamida é definitivamente nociva durante os três primeiros meses de gravidez.

Uma paciente de Lúpus que fez uso da medicação Talidomida pode ficar grávida? Por quê?

Não, durante o uso de Talidomida na gravidez é totalmente contra-indicada.

No caso da paciente já ter interrompido o uso da Talidomida, o intervalo entre a retirada da medicação e a tentativa de engravidar deve ser de no mínimo 6 meses.

A Talidomida usada na gravidez pode ter efeitos teratogênicos, ou seja, predispor a mal formações (particularmente em extremidades).

Quais os problemas que a SAF pode trazer a gravidez de uma portadora de Lúpus?

A Síndrome do anticorpo anti-fosfolípide (SAF) pode ser encontrada em cerca de 30% de pacientes com LES, é uma causa de trombofilia adquirida, quer dizer, tendência a eventos trombóticos. Como os anticorpos anti-fosfolípides provocam trombose placentária e vasculopatia (lesão dos vasos) da decídua não está completamente elucidado, mas podem ser causa de perda fetal.

O maior risco de perda fetal está relacionado à presença de anticoagulantes lúpico, altos títulos de anticorpos anticardiolipina (aCL) da classe IgG, isoladamente ou associado a anticoagulante lúpico.

A portadora de Lúpus pode amamentar o seu bebê?

A amamentação deve ser estimulada; no entanto é necessário avaliar com o médico as medicações que estão sendo usadas, pois estas podem se concentrar no leite materno e passar para o bebê.

No caso do bebê pre-maturo, este pode não ter força ao sugar o peito materno, neste caso a retirada do leite com auxílio de uma bombinha pode ser utilizada para alimentar o bebê.

Lúpus e Gravidez - Parte II

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença crônica de causa desconhecida, onde acontecem alterações fundamentais no sistema imunológico da pessoa, atingindo predominantemente mulheres. O sistema imunológico é uma rede complexa de órgãos, tecidos, células e substâncias encontradas na circulação sanguínea, que agem em conjunto para nos proteger de agentes estranhos.

Em cada dez portadores desta doença, nove são mulheres, e ao contrário do que se pensa é preciso tomar muito cuidado com suas consequências, que vão além do que os leves sintomas iniciais, que são os seguintes:

- Dor e rigidez nas articulações, com ou sem inchaço;
- Dores musculares;
- Febre sem causa conhecida;
- Cansaço;
- Rachaduras na pele;
- Anemia;
- Problemas de raciocínio e memória;
- Problemas renais sem causa aparente;
- Dor no peito ao respirar profundamente;
- Sensibilidade à luz;
- Perda de cabelo.

Segundo pesquisas, geralmente o Lúpus se manifesta entre os quinze e os quarenta e cinco anos de idade, mas pode acontecer antes ou depois. Além de ser uma doença que afeta em uma grande escala as mulheres, também incide muito mais entre negros do que entre brancos.

O Lúpus Discóide se desenvolve essencialmente na pele do rosto, nuca e couro cabeludo.

Porém, dentre os casos deste tipo de Lúpus apenas 10 % evoluem para o Lúpus Sistêmico que pode ter efeitos graves que podem ser irreversíveis, dependendo dos órgãos atingidos dentre eles o coração, pulmão, sangue e rins.

Outras causas constatadas do Lúpus Sistêmico nas mulheres são: a cefaléia ou enxaqueca, artrite, fenômeno de Raynaud e sintomas psiquiátricos.

Uma pessoa com Lúpus desenvolve anticorpos que reagem contra as suas células normais, ou seja, a pessoa torna-se “alérgica” a ela mesma, o que faz do Lúpus uma doença autoimune.

O Lúpus não é uma doença comum, não é contagiosa, é causado por alterações no sistema Imunológico, por fatores ambientais (como a luz ultravioleta, presente na luz do sol e na luz das lâmpadas fluorescentes) também pela questão hormonal (nível alto de estrógenos) presente no organismo feminino e predisposição genética do paciente.

Como citado inicialmente, o Lúpus é uma doença que pode trazer sérias consequências e riscos causando o comprometimento de órgãos vitais, mas há tratamento e quanto antes diagnosticado melhor.

Algumas orientações importantes, para todos os pacientes com LES:

- O uso de filtro solar e sempre evitar a exposição solar durante os períodos de maior;
- Incidência de raios Uva (entre as nove horas da manhã e quatro horas da tarde);
- Ter uma dieta balanceada, pobre em gordura de origem animal, frituras e rica em cálcio e derivados do leite;
- Fazer exercícios físicos regulares, no mínimo três vezes a semana, evitando assim doenças do coração e perda de massa óssea;
- As mulheres devem evitar o uso de hormônios estrogênios, pois podem desencadear;
- Atividade do LES e aumentar o risco de fenômenos tromboembólicos.

 Lembre-se, sempre converse e esclareça suas dúvidas com o médico.

Lúpus e Gravidez - Parte I

O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença inflamatória crônica de causa desconhecida em que há uma participação do sistema imunológico com a formação de autoanticorpos, que podem “agredir” o organismo através de inflamação de múltiplos órgãos e sistemas. É uma doença que até o momento não tem cura, embora o avanço tecnológico farmacêutico nos traga muitas esperanças alentadoras. É mais frequente em mulheres na época do período fértil que compreende teoricamente da primeira até a última menstruação e, portanto a ação do hormônio sexual feminino chamado estrogênio desempenha um papel no desenvolvimento e recaídas da doença. Estima-se que nesta faixa etária 90% dos casos ocorram em mulheres. Nos períodos da pré e pós menopausa as incidências entre homens e mulheres tendem a se aproximar.

Até o momento não há evidência de que a causa seja psicossomática, a causa é desconhecida. O estresse psíquico de qualquer natureza pode piorar a doença, mas este conceito vale para todas as doenças crônicas, e cada caso deve ser individualizado e a familiarização na relação médico-paciente ajuda nesta abordagem.

Não temos dados do número de casos de LES em nosso meio. Pode-se estimar uma incidência de 0,2 a 0,3% da população.

Até o advento da corticoterapia na década de 1940 não havia tratamento com alguma eficácia para o LES. Até essa época podia-se encontrar como definição de doença fatal de mulher jovem. Tem sido observado que a sobrevida do LES tem melhorado significativamente nas últimas décadas e este fato está associado ao uso de imunossupressores. Pode parecer paradoxal já que o uso de imunossupressores (IS) aumenta o risco de infecção. Há avanços recentes no conhecimento de novos IS além de outra categoria de medicamentos chamados de imunobiológicos, e as perspectivas são muito boas.

O paciente com LES pode manifestar diferentes manifestações na pele, algumas clássicas como asa de borboleta no rosto, o aumento da fotossensibilidade, lesões bolhosas, lesões ulceradas dentre muitas outras.

Há um problema no sistema imunológico, mas este fato não aumenta a chance de alergias, o que ocorre é que a formação de anticorpos, uma parte desses, se volta contra o paciente. É importante ressaltar que nem todos que produzem autoanticorpos desenvolvam doença autoimune.

Quando os autoanticorpos são patogênicos o tipo de lesão que ocorre nos órgãos é uma inflamação, que tem extensão e gravidade variáveis. Um dos órgãos que pode ser afetado pelo LES é o cérebro e, portanto as manifestações neurológicas e psiquiátricas são esperadas em alguns casos.

Doenças autoimunes

A principal função do sistema imune é a defesa contra microorganismos invasores. A organização é semelhante à de um exército, com células especializadas para diferentes funções como neutralizar, mandar mensagem, inibir e matar. Os soldados são os leucócitos e células do sistema mononuclear fagocitário, como macrófago. Existem ainda barreiras naturais (pele, saliva, etc) que se forem vencidas levam a uma outra etapa de defesa que é a inflamação. Caso essa resposta não seja eficiente para resolver o problema o sistema imune utiliza mecanismos mais especializados para proteger o organismo que é a resposta imune específica (linfócitos e autoanticorpos).

As doenças autoimunes sistêmicas têm causa desconhecida e são caracterizadas por envolvimento de vários órgãos e por uma resposta imune específica alterada. Nesses pacientes o sistema imune agride o próprio organismo, levando a disfunção de órgãos ou sistemas. É importante ressaltar que essas doenças não são contagiosas.

O diagnóstico dessas doenças é difícil, pois as manifestações são variáveis, dependem dos órgãos envolvidos e em geral aparecem ao longo do tempo. Entre as principais doenças autoimunes temos:

1) Lúpus Eritematoso Sistêmico é um distúrbio inflamatório crônico e multissistêmico que ocorre predominantemente em mulheres na idade fértil. A pele e articulação são os envolvimentos mais frequentes e os mais graves são rim e sistema nervoso. Outros órgãos e sistemas podem ser acometidos pela doença.

2) Artrite Reumatóide é uma doença que acomete mais a mulher e se caracteriza  por artrite simétrica principalmente em mãos, punhos, pés e joelhos que pode levar a destruição progressiva das estruturas articulares resultando em deformidades. Muitas vezes é acompanhada de sintomas sistêmicos.

3) Síndrome de Sjogren é uma doença sistêmica crônica caracterizada pela diminuição de secreção das glândulas mucosas causando secura da boca, olhos e outras mucosas. Faz parte do quadro artrite.

4) Polimiosite de Dermatomiosite são doenças raras caracterizadas por alterações inflamatórias no músculo e pele. As manifestações incluem fraqueza muscular e lesão de pele característica na dermatomiosite.

5) Esclerose Sistêmica é uma doença crônica caracterizada por fibrose difusa, alterações vasculares em pele articulações e órgãos internos. Os sintomas mais comuns são fenômeno de Raynaud, disfagia, espessamento de pele e poliartralgia.

A influência emocional em doenças autoimunes é demonstrada pela ativação ou desencadeamento do quadro em períodos de “stress”, não se conhece, no entanto, o(s) mecanismo(s) envolvido(s) nesse processo.  Outros fatores que podem piorar essas doenças são luz ultra-violeta (exposição solar) e infecções virais.

Os medicamentos usados para tratar o LES variam desde analgésicos simples até medicamentos mais fortes como os imunossupressores. O reumatologista é o médico que deve orientar esse tratamento eventualmente recorrendo, em algumas circunstâncias, ao apoio de outras especialidades. Os anti-inflamatórios chamados não-hormonais (diclofenaco, ibuprofen, naproxeno, etc) são frequentemente usados, porem cuidado deve ser tomado devido a eventuais efeitos colaterais como gastrite, úlcera e inflamação renal(nefrite). Seu uso, bem como de todos os outros medicamentos, deve sempre ser orientado por médico, nunca usado por conta própria. O uso dos antimaláricos (cloroquina e hidroxicloroquina) é extremamente útil no controle das manifestações de pele e articulares da doença.

Outros medicamentos muito usados e úteis, quando orientado por reumatologista, são os anti-inflamatórios chamados hormonais (corticosteroides) Seu uso é muito comum para tratar a atividade da doença e, devido aos potenciais efeitos colaterais (hipertensão, diabetes, osteoporose, aumento de peso, etc, etc, etc…), deve ser usado com orientação do reumatologista por tempo o mais breve possível. Nos casos mais graves ou para reduzir mais rápido os corticosteroides, são utilizados os imunossupressores. Esses medicamentos são usados para diminuir a produção dos anticorpos citados no tópico Definição. Essas drogas têm muitos efeitos colaterais (alergias, infecções graves, etc) e são úteis somente quando o tratamento é orientado por médico, nunca por conta própria. Medidas gerais de orientação de hábitos como parar de fumar, parar de beber álcool, exercícios nos períodos de remissão da doença, dieta saudável, protetores solares são sempre úteis no tratamento. O controle da pressão, dos níveis de colesterol, do stress, da vida sedentária é muito importante.

A sexualidade, mais por fatores psicológicos do que físicos ou medicamentosos, pode estar afetada. Eventualmente, por problemas associados a medicamentos ou à própria doença, pode ocorrer ressecamento de mucosas, inclusive vaginal, prejudicando o ato sexual. Existem cremes hidratantes que podem auxiliar e o paciente deve discutir esse assunto abertamente com o seu médico. Toda alteração de mucosas em órgãos sexuais deve ser comunicada ao médico para um pronto tratamento, muitas vezes com especialista apropriado. Alguns medicamentos, principalmente os imunossupressores podem causar infertilidade ou menopausa precoce. O exemplo desses medicamentos é a ciclofosfamida, devendo o paciente estar ciente. A maioria desses imunossupressores também é prejudicial ao feto. Logo, quando do seu uso, a anticoncepção deve ser feita e somente interrompida com ordem médica.