Há quem descreva os primeiros movimentos do bebé como um esvoaçar de borboleta, como um ligeiro borbulhar ou como um peixe a cirandar. Uma sensação tão suave como uma bola de sabão a rebentar na nossa pele. Há quem tenha dúvidas quanto à origem daquela sensação. Há quem desfaça a magia do momento avançando que podem ser, simplesmente, gazes. Como é possível? Uma coisa é certa. A primeira vez que o sentimos, sem margem de erro, a primeira vez que temos essa certeza absoluta, a primeira vez que ninguém pode desfazer o encantamento, dessa primeira vez, é tão comovente e arrebatador que é difícil descrever o que se sente. Frequentemente, essa primeira vez traduz-se num sorriso pregado na cara da grávida, alheado e levemente patético, que dura, dura, dura...
Os primeiros movimentos perceptíveis marcam o início de uma longa conversa entre mãe e bebé. Uma conversa que às vezes pode ser engraçada, quando a barriga começa a mexer-se sozinha e aí já toda a gente pode ver a força daquele bebé. Outras vezes pode ser dolorosa, quando os pés que deviam ser minúsculos e delicados parecem enormes e brutais, espetando-se nas costelas, ou comovente quando um pequeno pontapé surge como resposta a uma pergunta da mãe ou do pai. Cotoveladas, joelhadas, pontapés, esticões, festinhas interiores, soluços.
Os movimentos do bebé são o que de mais palpável temos dele antes do nascimento. Sim, porque a imagem da ecografia pode ser comovente, mas é muito mais distante - está ali no ecrã, passa depois para o papel -do que o que se sente por dentro da pele quando um filho por nascer se mexe dentro de nós. É indescritível como esses movimentos provocam sentimentos de proteção, de amor, de empatia.
Para além de pontapés, piruetas e outras acrobacias, é também possível sentir os soluços do bebé. E senti-lo a mexer-se como resposta a ruídos ou a situações de stress. Os seus movimentos são também uma maneira de começar a conhecê-lo.
Com a mão pousada sobre a barriga, também o pai, o irmão mais velho, os avós e os amigos vão poder sentir o bebé. Não há quem fique indiferente a esses movimentos, quem não queira testemunhá-los. Porque eles são a prova de que há vida para além da mãe.
É muito variável a idade gestacional que se começa a sentir o bebê, de mulher para mulher e de gravidez para gravidez, mas algures entre as 16 e as 22 semanas é quando é normal sentir os primeiros movimentos do bebé. É claro que ele já se mexe há muito tempo, desde as sete ou oito semanas de gestação, mas é tão pequenino e rodeado pelo líquido amniótico que é impossível senti-lo antes.
As mulheres mais magras têm tendência para sentir mais cedo do que aquelas que têm peso a mais.
Nas primeiras semanas de «pontapés», é muito irregular a frequência com que são sentidos. Num dia podem notar-se várias vezes e no outro nem uma única. Isto não quer dizer que o bebé tenha deixado de se mexer, mas simplesmente que os movimentos não são assim tão vigorosos que sejam sempre percebidos. No final do segundo trimestre, contudo, o bebé está maior e os seus movimentos começam a sentir-se de forma mais regular e frequente.
No último trimestre, convém prestar alguma atenção à sua regularidade e avisar o médico no caso de sentir um decréscimo significativo de movimentos.No final do tempo de gestação, é aconselhável verificar diariamente se o bebé está a movimentar-se normalmente.
Mesmo no final da gravidez, a partir das 38, 39 semanas, é normal notar uma redução nos movimentos, pois o bebé já tem muito pouco espaço. No entanto, mais do que nunca é conveniente estar atenta.
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